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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

In Mirante - edição de 26/5/2011

 

Os vereadores do PSD na câmara de Abrantes vão propor na próxima reunião do executivo a suspensão do lançamento do concurso público internacional para construção do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIAA), que prevê um investimento de 13 milhões de euros a suportar pela autarquia e por fundos da União Europeia.

 

A posição de Santana-Maia Leonardo e de António Belém Coelho surge após declarações recentes da coordenadora do projecto do MIAA, a ex-vereadora da Cultura Isilda Jana, ao Diário de Notícias, onde admitia a existência de peças falsas na colecção de arte disponibilizada pela Fundação Estrada e que deverá constituir o coração do museu.

 

É evidente que existem peças falsas. São cerca de 5000, adquiridas de diversos modos, e existem de certeza falsas. Todos o sabemos. Mas as verdadeiras são muito mais”, disse Isilda Jana citada pelo Diário de Notícias, onde anunciava ainda que está previsto lançar o concurso público para construção do museu na segunda quinzena de Junho.

 

Essas declarações abriram nova frente de polémica em torno do assunto, com os vereadores da oposição a reiterarem agora as dúvidas que já tinham manifestado há cerca de um ano sobre o valor da colecção Estrada, que está na base do projecto do MIAA, e a defenderem a suspensão da colaboração de Isilda Jana.

 

Perante as reacções a essa entrevista, a presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS), e Isilda Jana subscreveram um esclarecimento, colocado na página da Câmara de Abrantes na Internet, onde desmentem que o MIAA vá acolher uma colecção de peças falsas. Informam que a autarquia tem “uma equipa altamente conceituada” a trabalhar no projecto e vários especialistas a estudar o acervo, precisamente para “distinguir o trigo do joio”.

 

O programa do museu terá por base o trabalho sério realizado”, afirmam Céu Albuquerque e Isilda Jana, reconhecendo a “excepcionalidade da colecção” e admitindo “que possam existir algumas peças falsas”, porque “há-as em todas as colecções, mesmo nos grandes museus do mundo”. Acrescentam que o museu, para além da colecção Estrada, vai ainda acolher a colecção de arqueologia e arte da câmara municipal e os legados do escultor Charters de Almeida e da pintora Maria Lucília Moita.

 

Recorde-se que no mês passado, em entrevista a O MIRANTE, o vereador Santana-Maia já defendia que o projecto devia ser repensado atendendo à sua dimensão e à actual conjuntura económica. “Antes de discutir se o museu deve ser ali ou noutro lado, se deve ser ou não daquele tamanho, temos dois pontos. Primeiro: se é para uma colecção, temos de aferir se aquela colecção justifica ou não o investimento. O que foi decidido continuar agora a fazer. E depois há a sustentabilidade do museu. Podemos ter uma extraordinária colecção de seis mil peças mas o município não ter capacidade financeira e económica para sustentar um museu dessa grandeza. Não podemos querer fazer aqui o museu de Londres ou o museu do Prado”.

 

Maria do Céu Albuquerque afirmou entretanto à agência Lusa que a construção do MIAA é “irreversível”, considerando-o “determinante para a reanimação” do centro histórico da cidade enquanto “gerador de mais valias” ao nível dos fluxos turísticos, científicos e pedagógicos.

 

Ver secção (I) Museu Ibérico no DOSSIÊ: Centro Histórico e Cidade