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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

07 Jun, 2011

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António Belém Coelho

  

Portugal adormeceu ontem com os resultados das eleições legislativas; dormiu bem, sem dúvida, face às insónias de que padece desde há seis anos; e acordou hoje com todos os benefícios e consequências desses resultados.

 

O País deparou-se com duas campanhas completamente antagónicas: a do Partido Socialista em que o Eng. Sócrates, interpretando abusivamente a estrutura em que estava integrado, com a bênção dos principais responsáveis, encenou a fábula da cigarra e da formiga, mas sempre do ponto de vista mais fácil, o da cigarra!

 

E a do Partido Social Democrata, com grande ênfase na formiga, malgrado todas as dificuldades inerentes.

 

Só que o Povo Português preferiu a fábula original; votou maioritariamente em quem apresentou um programa com medidas difíceis e penalizadoras a curto prazo, mas coerentes e sólidas e sobretudo capazes de a médio prazo serem capazes de fazerem surgir as condições necessárias e suficientes para possibilitarem o crescimento económico.

 

Que efectivamente é o que importa. E só depois de ser realidade, nos poderemos voltar para o desenvolvimento económico e social que tanto prezamos e defendemos, mas que é perfeitamente inviável sem o primeiro! Só isso!

 

E convém dizer claramente que o grande arquitecto e coordenador deste programa de governo, sincero, coerente e que não engana ninguém, é um ilustre filho da terra: o Dr. Eduardo Catroga. Que se por acaso fosse um elemento da chamada esquerda política, como aconteceu a muitos outros com bem menos merecimentos, já teria certamente por cá uma série de prebendas que na verdade nada acrescentariam ao seu valor, que é muito, mas que aos olhos dos compagnons de route habituais o elevariam a outros patamares.

 

Mas o facto indesmentível é que o País votou laranja em termos maioritários; em quase todos os distritos do continente e nas regiões autónomas, o PSD venceu. Excepção a Setúbal, Beja e Évora em que, não vencendo, a progressão foi evidente e a vitória discutida pouco a menos que taco a taco.

 

No nosso distrito a vitória do PSD foi clara; 5 deputados contra 3 do PS, 1 do CDS e 1 da CDU.

 

No Médio Tejo, unidade territorial a que pertencemos, o mapa laranja só é quebrado por Abrantes, Constância e Vila Nova da Barquinha.

 

Ou seja, em termos de municípios de média dimensão, Abrantes foi o único em contra-ciclo, preferindo votar de forma contrária à sua região, ao seu distrito, ao seu país! Enfim, cada um poderá concluir aquilo que muito bem entender!

 

Mas enquanto que o País preferiu a seriedade, mesmo que dolorosa, à mentira, por mais doce que seja, enquanto que o país preferiu assentar os pés no chão, encarar a realidade dura, em vez de acreditar num país imaginário cor de rosa que nos queriam impingir à viva força, Abrantes fez exactamente o contrário!

 

É certamente uma opção tão legítima e responsável como qualquer outra; mas que a mim,  Abrantino desde sempre, me causa preocupação. Mas o facto é que a teia continua a prender muito boa gente, embora desta vez os fios tenham ficado de sobremaneira frágeis.

 

Mas certamente que a estrutura concelhia do PSD já terá tirado as devidas ilações, quer em termos tácticos e estratégicos; se o não fizer, mal irão as coisas.

 

Lembremo-nos que em concelhos como Benavente, Golegã, Cartaxo, etc, o PSD ganhou; em Ourém, cuja autarquia é PS, o PSD obteve mais de 61% dos votos! Fica a interrogação: o que se passa em Abrantes? Onde efectivamente a oposição (e não sou eu que o digo, basta consultar os meios de comunicação social e muitos blogs) é das mais activas.

 

Mas viremo-nos para o futuro: esperemos que o PS, agora na oposição, tenha tomado boa nota das palavras de despedida do seu líder, ou seja, se paute por um comportamento responsável e que sobretudo saiba respeitar e honrar o que assinou, sem subterfúgios nem qualquer tipo de reserva mental.

 

Só assim poderá continuar a servir o País e constituir-se como alternativa válida para o futuro!

 

Mas o facto de nesta legislatura terem assento na sua bancada muitas figuras da sua dita ala esquerda, poderá dar-lhe a tentação de renegar o acordo e tentar renegociá-lo na rua! Nada de mais errado. Seria o hara-kiri absoluto!

 

Mas estou certo que o PS, na sua tradição democrática e sem renegar a sua matriz ideológica, saberá escolher uma liderança que conjugue essa mesma tradição com os compromissos por si assinados e com os superiores interesses do país. Os líderes passam, as instituições ficam! Quem não perceber isso, fica fora do comboio do futuro. Que não é de todo um qualquer TGV!

 

Termino reconhecendo que nos esperam tempos e medidas difíceis; sem as quais poucas esperanças de futuro poderíamos ter. Vai doer, mas é como a injecção que devemos suportar para conseguirmos de novo um estado de saúde sempre relativa, que a realidade não pára! Apenas muda e cabe-nos a nós adaptarmo-nos o melhor possível!

 

E convém não matar o mensageiro (neste caso o médico), mas sim fazer todos os possíveis para que o tratamento possa dar resultado. Não há verdadeiramente alternativa!

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