OS FERIADOS DA INTELIGÊNCIA
Santana-Maia Leonardo - in Nova Aliança
Quando vejo as propostas que as nossas sumidades sugerem para combater a falta de produtividade (desde mais meia-hora de trabalho diário à redução dos feriados e das férias), fico estupefacto com tamanha demonstração de falta de inteligência e de espírito analítico. Por alguma razão, o país está como está.
Para percebermos a estupidez das propostas, apliquemos a solução ao jogo de futebol. Como é um facto notório, o jogo de futebol inglês tem mais tempo de jogo útil do que um jogo do futebol português. Qual, então, a solução para que o tempo útil de jogo do futebol português se aproxime do futebol inglês? É fácil: basta tirar 5 mn ao intervalo (seguindo os critérios das nossas sumidades). O problema é que esta solução não tem o condão de aumentar o tempo útil de jogo mas apenas o tempo morto em que os nossos jogadores estão no chão a simular lesões gravíssimas.
Ora, qualquer pessoa inteligente (que é o que por cá escasseia) procuraria, antes de sugerir o aumento do tempo de jogo, apresentar medidas para rentabilizá-lo, acabando com os tempos mortos, as simulações e a preguiça. Mas isso é pedir de mais às nossas sumidades, para quem a única solução para aumentar a produtividade é aumentar o tempo de inactividade dos trabalhadores no local de trabalho. Acontece que não é por estar mais uma hora de atestado médico ou a olhar para o boneco que a produtividade aumenta. Sendo certo que esse aumento do horário de trabalho apenas penalizaria os bons trabalhadores que teriam tendência a deixar de o ser. Como é óbvio.