BUR(R)OCRACIA
Santana-Maia Leonardo - in Nova Aliança
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Não há lei, por muito boa que seja, que resista ao excesso de zelo de um burocrata. Quer um exemplo?
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A minha filha, grávida de oito meses, deslocou-se às urgências do Hospital de Abrantes para realizar um CTG, um exame próprio das grávidas. No entanto, apesar de estar grávida de oito meses e de ir realizar um exame próprio das grávidas, não pôde beneficiar da isenção da taxa moderadora, porque, segundo a burocrata de serviço, a gravidez apenas se prova por documento.
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Ou seja, a minha filha, para poder beneficiar da isenção da taxa moderadora, teria, primeiro, de marcar uma consulta no médico de família para que este lhe passasse um declaração comprovativa de que estava grávida; depois, teria de se deslocar ao centro de saúde da sua área de residência para que, com a referida declaração, lhe fosse, então, passado um cartão que a isentava da taxa moderadora.
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Tudo isto é, obviamente, absurdo, caricato e irracional. Mas é um bom exemplo da nossa burocracia e do nosso atraso. Ora, que adianta mudar as leis, quando por detrás do guichet está um burocrata militante apostado em infernizar-nos a vida e em transformar numa paródia irracional a melhor das leis?