05 Mar, 2009
OPORTUNIDADE
por António Belém Coelho
Todos se queixam que os recursos são escassos, e os responsáveis autárquicos disso têm feito eco. Basta ver os preâmbulos habituais dos orçamentos da Câmara Municipal. Se isso é verdade em tempos ditos normais, com a crise actual, cujo fim ainda não se avista no horizonte, essa escassez deverá tornar mais criteriosa, selectiva e responsável a sua aplicação.
A construção da referida obra de arte, importa em cerca de 246.000€, acrescidos do IVA em vigor. Já nem referimos o contrato de prestação de serviços efectuado com o autor, que faria certamente subir este valor mais algumas dezenas de milhares de euros.
Não existiriam, neste momento, outras prioridades a que afectar estes recursos? Certamente que sim e creio mesmo que a dificuldade estaria na escolha, não em elencá-las. Enfim, parece que queremos mesmo ser uma cidade imaginária, parecendo rica pelo exterior, mas cada vez mais pobre naquilo que realmente interessa: no emprego, na criação de riqueza, na solidariedade entre as pessoas e também na solidariedade das diferentes e diversas freguesias que compõem o concelho.
Só mais uma palavra, apenas, para expressar a minha opinião pessoal sobre a colocação daquela obra (ou de qualquer outra com volumetria e envergadura semelhantes) naquela zona: não será um elemento extremo de ruptura numa paisagem caracterizada pela planura e suavidade de linhas?