13 Mar, 2009
OS RADICAIS
por Manuel Catarino
Alguns viventes dessa geração tornaram-se fazedores de ideias e outros governantes. Encontram-se acomodados na vida, olham com satisfação o próprio sucesso e querem impor o modelo que criaram. Venderam a alma, a criatividade, a solidariedade por mais uma casa de férias e uma conta bancária num paraíso fiscal, já que a irreverência se foi esfumando com a idade. Alguns dos filhos copiaram este modelo mas outros recriam o espírito dos papás enquanto jovens.
A geração posterior, os jovens de hoje, são os mesmos que levantaram as barricadas nos anos sessenta e destronaram presidentes. Não se revêem nas políticas porque na educação grassa a instabilidade, no trabalho os maus ordenados, a precariedade e insegurança, na justiça a injustiça, no poder a corrupção, em suma, quando olham em redor não gostam do que vêem e sentem que este não é o seu mundo. Outro tanto se passa com a classe média e os mais pobres, que não vislumbram qualquer esperança para os seus anseios e necessidades.
Uns, interiorizando a incapacidade de alterar o sistema caem nas drogas ou depressões; outros, os guerreiros, igualmente conscientes que o sistema político criou uma carapaça de auto protecção que não conseguem destruir, juntam-se em tribos ou associações, com perspectivas musicais ou culturais, interesses ou ideologias comuns. Entre estes grupos destacam-se os criados para a prática de desportos radicais, proporcionando um conjunto de actividades galvanizadoras dos jovens.
Em Mouriscas, onde existem mais de duas centenas de jovens (só na EPDRA encontram-se cerca de cento e cinquenta estudantes), a Associação Recreativa os Mouriscos centraliza esta sã rebeldia da juventude e canaliza-a para a prática de actividades radicais. E porque estes jovens sabem do que falo, cito de Sibelius: «Não devemos dar demasiada atenção ao que os críticos dizem. Nunca foi erguida uma estátua em honra de um crítico». Parabéns.