COMPRAR A BALA DA EXECUÇÃO
José Pacheco Pereira - Público de 3/3/12
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(...) Portugal comprou esta semana a bala da sua execução, com alguma pompa, circunstância e uma gigantesca cegueira e subserviência aos poderosos da Europa. Refiro-me à assinatura do texto do novo "tratado" cisionista da UE, que deixa de fora o Reino Unido e a República Checa. (...)
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Essa execução pode assumir três formas, todas mortíferas para muitos e bons anos: uma, a de o novo tratado, assinado de cruz, ser o instrumento para nos obrigar a sair do euro; outra, a de servir para nos expulsar como incumpridores da UE e, por último, a de nos condenar a uma longa recessão e estagnação na cauda da Europa. O que assinamos de cruz é o instrumento que vai dar legalidade e legitimidade à nossa marginalização, submissão, dependência e mediocridade. Por uma razão, que entra pelos olhos dentro de todos, mas que ninguém verdadeiramente discute tão mergulhados num curto prazo acéfalo como estamos: é que as regras que assinamos são impossíveis de cumprir por Portugal e, por isso, aconchegamos bem de mais a cabeça à pistola do executor, com a bala que compramos. (...)