REUNIÃO DA CÂMARA DE 7/5/12 (I)
ATRIBUIÇÃO DA MEDALHA DE HONRA DA CIDADE
Pedido de esclarecimento dos vereadores eleitos pelo PSD
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A senhora presidente decidiu excluir da atribuição da Medalha de Honra da Cidade o juiz conselheiro Manuel Lopes Maia Gonçalves, umas das personalidades de maior prestígio que nasceu no nosso concelho e onde, aliás, se encontra sepultado por vontade própria, sendo unanimemente considerado um dos maiores penalistas portugueses de todos os tempos.
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Gostaríamos, todavia, de saber, por mera curiosidade, se a senhora presidente conhece, por acaso, alguma personalidade abrantina que tenha atingido, na sua profissão e no seu meio, maior prestígio do que o Conselheiro Maia Gonçalves?
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No entanto, apesar de terem proposto a atribuição da Medalha de Honra da Cidade ao ilustre conselheiro, os vereadores eleitos do PSD não fazem questão que a mesma lhe seja atribuída até porque, como todos os portugueses já perceberam, este tipo de medalhas está cada vez mais vocacionado para premiar a camaradagem e as cumplicidades políticas e pessoais do que para premiar o mérito.
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Não espanta, por isso, que a senhora presidente tenha incluído, na sua proposta de atribuição de medalhas (a primeira deste mandato), o seu antecessor.
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Como não espanta também a esmagadora votação que o mesmo recebeu na Assembleia Municipal, tendo até em conta que, no anterior mandato, foram os próprios vereadores da oposição (pasme-se) a proporem a atribuição do seu nome a uma rua do concelho.
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Com tanta devoção, mesmo nas bancadas da oposição, forçoso será concluir que há gente que apenas aceita candidatar-se nas listas adversárias porque os socialistas não dispõe de lugares suficientes nas suas listas e não querem perder a oportunidade de poder venerar, em público (em privado, infelizmente não demonstram tanta veneração), a obra do querido líder socialista.
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Os vereadores eleitos pelo PSD estão, pelos vistos, praticamente isolados na sua discordância com a atribuição da medalha ao anterior presidente da câmara, apenas não tendo votado expressamente contra a atribuição da referida medalha por uma única razão: para evitar uma leitura estritamente pessoal do seu sentido de voto, tendo em conta o pouco critério com que se atribui, a nível local e nacional, aos compagnons de route este tipo de medalhas.
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No entanto, é óbvio que a atribuição da medalha ao anterior presidente da câmara não é defensável por duas ordens de razões.
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Por um lado, porque a atribuição deste tipo de medalhas, para merecer credibilidade, apenas deverá ser feita num momento distanciado do exercício do mandato, única forma de se poder fazer uma avaliação objectiva e desapaixonada do mesmo.
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Por outro lado, porque é necessária uma grande cegueira para poder fazer uma avaliação positiva dos três últimos mandatos socialistas: em primeiro lugar, foram responsáveis pela desorganização urbanística da cidade, pela liquidação do centro histórico e pelo esvaziamento das freguesias; em segundo lugar, estão envolvidos em projectos ruinosos para o concelho e em processos e procedimentos que estão longe de estar esclarecidos.
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Era bom que as pessoas percebessem uma coisa: o arguido tem o direito de recusar-se a prestar declarações que o possam incriminar, mas o político tem o dever de prestar publicamente todos os esclarecimentos relativamente aos actos que praticou no exercício do seu mandato.
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Além disso, bastaria o anterior presidente da câmara ter pertencido à geração de políticos que, nos últimos vinte anos, governou e arruinou o nosso país para estar automaticamente excluída a sua candidatura a qualquer medalha.
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Mais que não seja por respeito ao povo que está agora a sofrer na pele as consequências das suas governações irresponsáveis.
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Ver Secção IV do DOSSIÊ IX: Diversos