10 Mai, 2009
DESEMPREGO
por António Belém Coelho
O desemprego constitui hoje o rosto mais visível e terrível da(s) crise(s) que atravessamos. E o nosso Concelho, infelizmente, não é excepção. Os últimos dados divulgados pelo IEFP dão-nos conta de que, entre Dezembro de 2007 e Dezembro de 2008, se verificou um aumento de 22% nos inscritos do Centro de Emprego de Abrantes.
Este Centro abrange os concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal, sendo o concelho de Abrantes, de longe, o que mais peso tem em termos de população: cerca de 84%; pelo que é certamente também destes três, o mais atingido pela subida do número de desempregados. Trata-se de um aumento de 427 desempregados, que se constitui como o maior aumento de todo o Distrito. E aqui ainda devemos referir o seguinte:
- de Dezembro de 2008 até ao presente, pelos dados disponíveis, mas ainda não publicados, e pela experiência diária, certamente que os números se agravaram ainda mais;
- os números do desemprego real são sempre superiores aos números oficiais devido à metodologia usada (que considera como não desempregados os trabalhadores que frequentam cursos do IEFP e outras entidades, que trabalham um mínimo de x horas por semana, etc).
Esta situação, para além de reflectir os efeitos globais da crise, reflecte também a precária situação de muitas micro e pequenas empresas do nosso Concelho, bem como muitos trabalhadores independentes que têm sido asfixiados por um conjunto de obrigações fiscais (exigidas a nível central) e de pagamento de taxas e tarifas diversas, estas a nível local, cujo peso para os munícipes se deve a uma política autárquica seguida pelo actual Executivo, privilegiando investimentos que, podendo “encher o olho” numa primeira abordagem, se revelam desde logo falhos de retorno financeiro e, pior, sorvedouros de encargos de funcionamento e manutenção cada vez maiores.
Abrantes tem de apostar no que de bom tem (situação geográfica, acessos, monumentalidade, gastronomia, etc) e noutras pequenas vantagens que pode criar (diminuição da derrama, IRS e IMI mais atractivos, por exemplo), pois uma relativa diminuição de receita agora certamente terá retornos significativos mais tarde, por via da atracção e fixação de jovens, e dentro destes, de quadros qualificados, de empresas geradoras de riqueza.
Para isso, é também essencial potenciar e desenvolver o sistema de ensino, com destaque para a ESTA e para a EPDRA e para a sua articulação com o tecido empresarial, mercado privilegiado dos seus futuros profissionais. Queremos uma mudança segura que permita às próximas gerações terem esperança no futuro do nosso concelho.