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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

25 Jul, 2009

JÁ BATEU NO FUNDO?

por António Belém Coelho

 

Uma das perguntas mais difíceis de responder no período actual, é se de facto a crise já bateu no fundo ou não. Por outras palavras, se o pior já passou ou está ainda a ocorrer, ou pelo contrário, se o futuro próximo nos reserva algo ainda pior.
 
Todos queremos acreditar que efectivamente já chegámos ao fundo e que daqui para a frente rumaremos em direcção à superfície. Mas mesmo que seja assim, e parece existirem alguns dados nesse sentido, o caminho não será isento de escolhos e a progressão lenta e por vezes desanimadora. Diga-se ainda que este percurso de saída da crise não será igual nem para todos os Países nem para todas as regiões.
 
O Banco de Portugal, que tem andado nas bocas do mundo por outras razões que não esta, divulgou na sua habitual previsão, números que corroboram o atrás explicitado. Relativamente a 2009, o actual ano, mantém-se a previsão de quebra do PIB em 3,5% e actualiza-se a quebra do emprego para cerca de 3%. Ainda em 2009 o investimento conhece um ano horribillis com uma quebra de mais de 14%, exportações e importações com quebras na ordem dos 17%.
 
Mas a notícia verdadeiramente preocupante é que em 2010, quando a maioria dos nossos parceiros Europeus e outras regiões do mundo já estarão em terreno positivo, continuaremos, segundo as previsões do Banco de Portugal, com números negativos. O PIB descerá ainda 0,6%, o investimento perto de 4% e mais dramático, o desemprego continuará a subir, podendo atingir no último trimestre de 2010 os 11,7%. E mesmo assim no comunicado frisa-se que há 50% de probabilidades dos números agora estimados poderem vir a piorar.
 
Trata-se, pois, de um quadro preocupante, que nos coloca, de novo e como sempre, nalgum contraciclo em relação ao nosso espaço económico, o que promete tornar a nossa recuperação mais lenta e mais difícil do que se esperaria. E naturalmente, a continuar a divergir em termos reais das restantes economias europeias, atirando-nos cada vez mais para o fundo da respectiva tabela. Mesmo com inflação negativa em 2009 e moderada em 2010, as famílias vão diminuir o respectivo consumo, o que indicia clara falta de confiança e perspectivas de futuro imediato.
 
Mesmo assim, e nisso devemos meditar, continuaremos a viver acima das nossas possibilidades, uma vez que o défice externo atingirá, respectivamente, 8,3% e 9,6% do nosso PIB.