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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

28 Nov, 2015

Cascas de Nós

Coimbra, 14 de Fevereiro de 1981   Afundou-se no Índico do Tempo A lusa nau que outrora fez a história... Mas navega ainda na memória De quem fez da história passatempo.   Que importa ter um Dias ou um Gama Se a chama não reclama a nossa vela? Que importa já  lutar, morrer por Ela, Se no berço já  não chora quem se ama?   Da cabeça do Mundo até aos pés O corpo navegámos lés a lés. Zangão que (...)
Coimbra, 14 de Janeiro de 1980   Estiolo no redil dos dôtores onde as intlegências dã flor e frutes e onde há penedos e quintas p' alumiar amores e promovê poetas. Mas ê cá sô alentejano e daí que na m’ aveze a estas cavlarias de subir e descê ladêras, onde há precisã de esperá p’la noiti ô de dar um tiro na cornadura pa s' ouvi falar a quietudi.   Como pode um home, Avezado a verter águas (...)
Viseu, 1978   Vesti-me de leopardo Para sobreviver na selva. Todas as vezes que me despi Fui acossado Pelas outras feras. E lá voltava eu a envergar o odiado Camuflado Dos rugidos e das esperas. E lá continuava eu o meu caminho solitário À procura dum amigo, Duma clareira ou dum abrigo Onde não fosse necessário Ser fera.      Nunca encontrei. Muitas vezes me enganei... Confundido na miragem Pelo (...)
09 Nov, 2015

O cometa

Coimbra, 22 de Janeiro de 1978   Rasga-se um peito num grito desesperado. Involuntário. De guerra.   Mas ninguém ouve.   No Castelo Assombrado o medo impera. Os Homens, programados, movimentam-se com gestos mecânicos. Os Fantasmas governam. É noite. Uma noite escura. Mortal. Sem cérebro.   Mas não te cales, HOMEM LOUCO! Grita! Continua a gritar! As nossas vidas dependem da força do teu grito. Por favor, GRIT (...)
04 Nov, 2015

O canalha

A Maria Helena Oliveira [1] Eu sou a morte pontual das crianças com fome Eu sou a cura milagrosa das cirroses dos alcoólicos Eu sou o paraíso abortado   Habito nos escombros da Cidade em ruínas Navego no mar do desespero Percorro a pé as ruas do fracasso   Eu sou o comerciante mentiroso O vigarista Eu sou o peregrino preguiçoso O (...)
31 Out, 2015

A um poeta

A Antero de Quental  “Surge et ambula! [1]” Recolheste-te no teu casulo E aí ficaste E não te transformaste Prisioneiro de ti próprio Tens na palavra a tua única companhia Sem outro destinatário Escreves em voz alta para te ouvires E sentires que estás vivo Mas efectivamente já não estás Apodreces com as palavras No canto do túmulo que te embala  A vida é (...)
28 Out, 2015

Prefácio

“Ser homem é ser livre.Tornarmo-nos verdadeiros homens, esse é o sentido da História.”  Jaspers  Pulsa na esquerda O eterno fanatismo Feia Gorda, velha e lerda Enovelada na teia Do seu próprio catecismo   Esquerda e direita São irmãs da mesma seita Gerada e criada No goulag e no gueto Onde a vida era pintada A branco e preto       Mas hoje em dia Senhores De que serve a teoria Se o mundo é a (...)
Caríssimo leitor Aqui estamos nós, de novo, dez anos depois. Bem fiz eu em ter voltado para trás, porque, como pode agora constatar, a estrada por onde nos conduziram não tinha mesmo saída. O problema é que a maioria dos portugueses (e dos europeus) insistiram em prosseguir à desfilada por uma auto-estrada que não levava a parte alguma. Ou melhor, levou-nos ao inferno.  Durante vinte anos, deixámo-nos (...)
Caríssimo leitor Antes de entrar neste livro, aceite as desculpas de quem recebe na sua modesta casa um visitante tão ilustre. Se vem à procura de poemas da cor da moda, bateu à porta errada. Mas tente compreender... Vivo em Ponte de Sor, uma pequena cidade do Alto Alentejo. Muitos dos meus amigos, aliás, a maior parte dos meus amigos, quando «emigraram», como estudantes, para Lisboa já não regressaram. (...)