É extraordinário como pessoas aparentemente inteligentes ainda defendam a importância de debater publicamente certos temas, antes de tomar as decisões, seja a Eutanásia, o período de quarentena ou o estado de emergência.
E não posso deixar de voltar à metáfora do futebol, a única que a maioria dos portugueses presta atenção (ainda que poucos a entendam), para comentar esta questão.
Quando os únicos debates que têm audiência em Portugal são os debates diários de comentadores fanáticos do Benfica, Sporting e Porto em todas as televisões portuguesas, simultaneamente, promovidos por gente que prima pela (pouca) inteligência, independência e educação, qualquer pessoa com dois dedos de testa fica esclarecido sobre o nível de boçalidade intelectual de uma maioria significativa de portugueses para debaterem com um mínimo de conhecimento e inteligência o que quer que seja.
E não vale a pena o leitor ficar ofendido comigo porque os shares de audiência destes programas não mentem.
E quando falo da estupidez generalizada que se revela nas grandes audiências desse tipo programas desportivos (se é que se podem chamar "programas" e "desportivos"), não me estou a referir àquele grupo de gente sem escolaridade que não sabe ler, nem escrever.
Bem pelo contrário.
Tal como dizia Bertrand Russell (e o caso português é uma evidência), «Os homens nascem ignorantes, não estúpidos. Eles tornam-se estúpidos pela educação.»
Santana-Maia Leonardo