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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

José Pacheco Pereira - Público de 9-5-2015

(...) Mas o principal interesse da “biografia” está na sua intencionalidade política e diz-nos alguma coisa sobre a estratégia do PSD de Passos e a sua entourage para as próximas eleições. O livro tem interesse para avaliar o “modo” eleitoral do PSD. É natural que, por isso, incomode muito o CDS. Torna-se evidente que, para o PSD, a grande figura da coligação que vai às urnas não é o tandem Passos-Portas, mas apenas Passos. Portas é considerado tóxico, desclassificado e apenas “instrumental”, na definição precisa e correcta que se dá à coligação. Por isso, a apologética de Passos destina-se a centrar na sua figura a imagem do “salvador” do país, que o “salvou” não só da bancarrota do PS, mas também das veleidades instáveis e antipatrióticas de Paulo Portas.

O episódio do SMS é em si pouco relevante, a não ser para mostrar aquilo que de há muito escrevo, de que não há verdadeiro Governo, mas dois núcleos independentes entre si e dois “chefes”, um que cuida dos seus (o CDS só elogia o Governo nas áreas dos seus ministros e secretários, seja a diplomacia económica, seja o turismo, a agricultura, e, desde a crise de 2013 para cá, a economia) e o outro que é menos paroquial. Honra lhe seja feita, Passos Coelho não louva apenas os ministros do PSD, mas centra-se na essência da governação no seu entender: as finanças. O livro, através de episódios anedóticos, mostra que, por muito chapéu que tenha Paulo Portas, ele é um “chefe” menor e subordinado, a que nem sequer é preciso dar conta das decisões mais importantes a não ser pelos jornais ou por um SMS de véspera. Portanto, indo a coligação “instrumental” às urnas, quem vai é Passos Coelho e só Passos Coelho, porque ele e só ele “salvou” o país.