Barça vs Real Madrid : a democracia e o caudilhismo
Neste século, FC Barcelona e Real Madrid procederam a duas alterações estatutárias relevantes e que definem bem o ADN de cada clube:
- nos estatutos do Barça, foi introduzida a limitação de mandatos (máximo: 2 mandatos), impedindo, desta forma, a perpetuação dos presidentes nos cargos e reforçando a democracia interna e a transparência;
- no Real Madrid, por sua vez, Florentino Peres, como vista à sua perpetuação no poder, introduziu duas condições praticamente impossíveis de preencher para quem se quiser candidatar ao cargo: 20 anos de antiguidade como sócio e obrigatoriedade de dar o aval a 15 por cento do orçamento de despesas.
Ou seja, enquanto o FC Barcelona optou por reforçar a componente democrática, o Real Madrid optou por reforçar a componente caudilhista.
A eterna luta entre a Democracia e a Ditadura.
Como toda a gente sabe e quase todos defendem (menos eu e pouco mais), o modelo caudilhista do Real Madrid é o modelo seguido pelos clubes portugueses, com uma ligeira diferença: enquanto o presidente do Real Madrid tem de ter capacidade para dar o aval a 15% do orçamento das despesas do clube, em Portugal são os clubes que avalizam (e pagam) as dívidas dos seus presidentes.
No entanto, é bom não esquecer que foi precisamente o FC Barcelona da limitação dos mandatos que destronou o Real Madrid ultra-caudilhista.
O FC Barcelona é, hoje, o clube com mais títulos deste século e com tendência para aumentar, o que significa que a perpetuação dos presidentes no poder, como é defendido pela esmagadora maioria cá do burgo, está longe de ser uma garantia de sucesso.
A não ser para a carteira dos presidentes, como é óbvio...