Santana-Maia Leonardo
Quem me conhece sabe que sou um desportista de corpo inteiro e que adoro o futebol como espectáculo.
Como sócio do Vitória há mais de 50 anos, é obvio que gostava que o Vitória ganhasse hoje a Taça da Liga. Mas ganhe ou perca, isso não altera em nada o que penso e tenho escrito sobre o futebol português e os seus adeptos.
O futebol, para mim, repito, é puro divertimento, enquanto para a esmagadora maioria dos portugueses é uma religião de fanáticos e de batoteiros.
A explicação que Jesus deu ontem para ter mandado o Nélson para trás da baliza de Rui Patrício, violando conscientemente os regulamentos, resumiu na perfeição o espírito do batoteiro tipicamente português: "eu sou um treinador que faço tudo para ganhar e fiz."
Ora, não é possivel ter um polícia atrás de cada português. E quando a esmagadora maioria dos portugueses se reconhece nesta explicação, está tudo dito...
A liga inglesa continua a ser o meu estilo de música preferida e o meu modelo. Por isso, sou sócio do Manchester United e do Manchester City para poder desfrutar do verdadeiro espectáculo de futebol na pátria do futebol onde os adeptos gostam tanto de futebol como eu.
Quando o futebol português se aproximar desse modelo, passarei a seguir o futebol português com o mesmo entusiasmo que sigo a liga inglesa. Até lá vou vendo pontualmente alguns jogos do Vitória para reviver os meus tempos de infância mas sem quaisquer ilusões.
O Sporting, reconheço, foi até há pouco tempo um sinal de esperança... Mas com a eleição do presidente anterior ao Bruno de Carvalho, entrou também na era do vale tudo de Pinto da Costa e Filipe Vieira. E com a eleição de Bruno de Carvalho, passou a valer mesmo tudo.
A estratégia é típica dos movimentos de massa fascistas e comunistas. Pinto da Costa diabolizou o Sul (a célebre guerra Norte-Sul), Filipe Vieira diabolizou o Porto, fazendo o apelo fascista-leninista ao Glorioso, e Bruno de Carvalho diabolizou o Benfica. Ou seja, diabolizam um inimigo para fanatizar os adeptos e, a partir daí, entramos no mundo da irracionalidade das massas, típica dos movimentos fascistas e comunistas. Como dizia, W. Reich, "a irracionalidade é o fascismo."
O discurso e os métodos usados pelos presidentes do Benfica, Sporting e Porto, com recurso à manipulação de imagens e de notícias, às cartilhas, aos insultos e aos directores de comunicação, são próprias dos movimentos fascistas e estalinistas.
Mas nós somos o país ideal para este tipo de comportamento, tanto assim que Salazar e Cunhal foram eleitos pelos portugueses, ainda há pouco tempo, como os dois maiores vultos da nossa história.
É certo que, em toda a Europa, os jogos entre grandes e pequenos é sempre uma luta entre David e Golias. Só que, na liga portuguesa, os Golias, com medo de levar uma pedrada no meio da testa, só aceitam combater com David, depois de lhes algemarem as mãos atrás das costas.
E o Vitória vai hoje entrar na Pedreira com as mãos algemadas atrás das costas. Se vencer, é um milagre...
Mas deixo-lhes aqui um texto (que gostaria que lessem) e que escrevi o ano passado aquando da eliminação do Sporting da Taça da Liga pelo Vitória. Continua actual: