Já CHEGA de tanto rir!...
Alguns dos meus amigos gostam de me fazer rir, dizendo que só vão votar… (esta é de partir o coco a rir!...) para que André Ventura não vença as eleições???!!!... Já não me ria tanto desde o dia em que um indivíduo me confidenciou que não saia de casa por ter medo de ser comido por um tubarão???!!!!... Ah! Cada maluco!...
Deixemo-nos de galhofa e falemos a sério para não nos tomarem por lorpas.
O Chega é um partido igualzinho aos outros que apenas tem um objectivo: arranjar um lugar à mesa do orçamento de Estado. E Chega! E André Ventura, à semelhança dos outros líderes partidários, explora o seu nicho de mercado sem qualquer outro objectivo.
Imaginar sequer que o Chega, o PCP ou o BE podem ganhar umas eleições nacionais em Portugal é não conhecer nem o país em que vivemos, nem o povo português. Era, aliás, um bom sinal que o povo português conseguisse ter um rebate cívico desse género como aconteceu com os gregos quando votaram no Syriza. Significava que tinha capacidade de se indignar e de expressar essa indignação num voto contestatário. Mas infelizmente o povo português é um rebanho de ovelhas que, na hora da verdade, responde sempre ao assobio do pastor.
Em todo o caso, mesmo que o Chega, o BE ou o PCP vencessem as eleições, nada mudava, tal como não mudou na Grécia, como eu aqui escrevi, quando os histéricos dos nossos comentadores, para assustar o rebanho, anunciavam o fim da UE e o fim do mundo se ganhasse o Syriza. Ganhou o Syriza na Grécia e... ficou tudo na mesma. Nunca a Grécia foi tão europeísta e civilizada. O mesmo já tinha acontecido com o anti-europeísta Paulo Portas e o seu PP, quando chegaram ao Governo, tal como aconteceu com os partidos da geringonça.
É muito bonito mandar postas de pescada, mas, para se comprar a pescada, é preciso ter dinheiro que é precisamente aquilo que Portugal não tem. E quem Chega ao poder percebe que a única forma de lá se manter é ter dinheiro para pagar aos reformados, aos funcionários públicos e aos políticos que o apoiam. É o que basta para qualquer extremista de blá-blá-blá se transformar num europeísta convicto.
A abstenção é hoje em dia o único voto de resistência contra o poder corrupto, incompetente e irresponsável. Se lerem os jornais ou ouvirem as declarações dos principais responsáveis políticos (Presidente da República, da Assembleia da República, primeiro-ministro, líderes dos diferentes partidos…), assim como dos porta-vozes do regime, o que todos eles temem não é a votação neste ou naquele. O que todos eles temem é UMA ABSTENÇÃO EM MASSA, porque essa é a única manifestação silenciosa que expõe, a nível europeu, os vícios do nosso sistema político.
Santana-Maia Leonardo