30 Out, 2015
Surrealista
Em vão durante meses procurei
Entre o tão vasto espólio da poesia
Surrealista, texto que, num dia,
De mim se apoderasse como um rei.
Na incerta busca tudo vasculhei,
Livros de autores e de antologia,
E, enquanto lia, mais me convencia
Que não encontraria o que busquei.
Lembrava-me o gorila corpulento
Que, no zoo, punha em d’lírio a multidão
Atirando sobre esta o seu excremento.
Mas a obra que caía em sua mão,
Imoral, automática, insolente,
Não deixava de ser um cagalhão.
Ilha de Tavira, 2 de Setembro de 2005