As recentes declarações da ministra da Agricultura de que "o coronavírus até podia ter consequências positivas" para as exportações do sector agroalimentar rapidamente ganharam foros de escândalo público num país onde, verdade se diga, já ninguém verdadeiramente se escandaliza, por maior que seja o escândalo, sob pena de correr o risco de morrer de vergonha.
Acontece que a ministra da Agricultura ainda não percebeu que, para ser ministra em Portugal, não se pode dizer em público aquilo que os ministros dizem no Conselho de Ministros e os políticos lisboetas comentam nos corredores do Poder.
Falta-lhe ainda a hipocrisia e o cinismo que caracterizam a alta política portuguesa.
É evidente que Portugal, como todos os países medíocres e que vivem da mão de obra barata, são os grandes beneficiários das desgraças alheias, sobretudo dos países emergentes e dos países árabes e do norte de África.
O turismo português, a nossa balança de pagamentos e a redução do défice foram os grandes beneficiados com a crueldade do Daesh e da tragédia da primavera árabe.
Maria do Céu, se quer manter-se no cargo, tem de aprender rapidamente com Marcelo e Costa a colocar cara de enterro em público, enquanto esfrega as mãos de contentamento em privado, sempre que acontece uma desgraça internacional ou um atentado terrorista no norte de África, na Turquia ou em França.
Santana-Maia Leonardo